Que
compartilhar da minha experiência de missão em Moçambique? São tanta as
emoções que se torna difícil colocar no papel o que se vive.
Cheguei a Moçambique há 3 anos, com o coração aberto, muita espectativa e um “pouco de medo” pela nova missão. Pois embora já cá tivesse estado há 20 anos atrás, tinha consciência que muita coisa havia mudado, inclusive eu própria.
Encontrei grandes mudanças no país. Nota-se um acelerado crescimento económico. Ao contrário do que acontecia no tempo da guerra, agora encontra-se de quase tudo à venda, só que as pessoas têm pouco poder de compra, o que contribui para o aumento da violência e da insegurança na cidade.
Encontro-me a viver em Quelimane, uma pequena cidade da província da Zambézia, com um clima temperado e muito húmido.
Temos a sorte de viver num bairro da periferia da cidade. Estamos rodeadas de povo, fazendo parte do mesmo povo. Um povo pobre, muito pobre, mas com um grande coração e com uma impressionante capacidade para enfrentar as dificuldades e uma fé profunda, pelo que não se deixa abater. O acolhimento e alegria, é característica da nossa gente. Tal como grande capacidade inventiva pela sobrevivência!
A nossa comunidade é formada por 3 irmãs e um grupo de jovens pré-postulantes. Há que aprender a viver a vida acompanhando processos, sabendo que cada jovem é um mundo, com os seus dons e limitações, como todos nós. Mas é um desafio que estou aprendendo a viver 24x24 horas!
No meio do bairro, temos um pequeno Centro: Centro de Solidariedade do Chirangano. Quando cheguei há 3 anos apenas funcionava em “lume brando”, pois estavam a terminar de realizar obras de reconstrução de uma parte do espaço.
Ao início, confesso que fiquei um pouco dececionada quando vi tudo “morto”, mas em vez de cruzar os braços, as três irmãs que formávamos a comunidade decidimos arregaçar as mangas e pôr mãos à obra. Depois de uma análise da realidade para escutar a população, decidimos apostar em novos projetos e foi assim que, com o apoio da nossa Província de Santa Catarina e de algumas ONG’s, arrancamos com um novo dinamismo. Para além de mantermos o projeto de alfabetização de adultos e o atelier de costura, projetos que já funcionavam, abriu-se uma pequena Biblioteca Escolar, criaram-se salas de estudo com explicações para o ensino secundário e pré-universitário e uma sala com cursos de informática.
Hoje, vale a pena entrar no centro, passam por lá centenas de jovens. É impressionante ver como se interessam por aumentar e melhorar os seus conhecimentos! Para além dos jovens, este ano conseguimos dar um novo impulso à alfabetização de adultos e ao curso de costura, frequentado na sua maioria por mulheres. Mulheres que se encontram em situação de fragilidade e pobreza.
Estamos também a desenvolver um pequeno projeto de apoio social junto de algumas das famílias mais carenciadas dos bairros circunvizinhos. Batem-nos à porta pessoas em situações de extrema pobreza, para as quais não é possível ficar indiferentes.
Graças ao apoio que recebemos da nossa Província e de outras pessoas amigas, temos a possibilidade de apoiar algumas destas famílias, não só as que foram afetadas pelas cheias como outras cujas casas tão precárias que nem dá para animais viverem. As famílias são, na sua maioria, formadas por mulheres sozinhas com filhos, sem companheiro e na grande maioria portadoras de HIV/SIDA.
Mulheres que não têm forças para pegar na enxada, para trabalhar a terra. Mulheres que, muitas vezes, ao fim do dia não sabem que colocar na panela para o jantar dos seus filhos. Mulheres que “oficialmente” não existem pois nem registadas foram. Mulheres que nunca foram à escola ou a deixaram sem sequer ter concluído o primeiro ciclo. Mulheres que nasceram pobres e continuam a reproduzirem o ciclo da pobreza.
É incrível ver como estas mulheres, ao serem chamadas pelo seu nome, ao serem tratadas com dignidade, vão sofrendo uma positiva transformação. Muitas começaram a vir para a alfabetização e vão passando a palavra, trazendo outras amigas. Pois correu a mensagem de que podem ter uma vida diferente. Mas a grande conquista está ligada à identidade pessoal. Começamos agora a campanha do BI (Bilhete de Identidade), pois temos como meta conseguir que todos os alunos que frequentam a Alfabetização consigam este ano ter o seu BI, o primeiro passo para a sua consciência de cidadania.
Os fins-de-semana são dedicados à pastoral. Estamos a apoiar, sobretudo, na área da formação e da partilha da Palavra as comunidades cristãs que acompanhamos. Responsabilizamo-nos pela formação dos catequistas, na nossa paróquia de Coalane.
Este ano alargámos a nossa missão, em conjunto com a Comunidade dos Bons Sinais, à Missão de Namacurra, situada a 60 km de Quelimane. Aqui, inseridas na Pastoral mais vasta que levam os Pastores ajudarores, colaboramos essencialmente na formação dos cristãos: mulheres, jovens e formação bíblica . Por ser longe, só nos é possível fazer estas formações mensalmente. A última delas foi particularmente engraçada: Durante a noite fomos visitadas pelos nossos “irmãos ratinhos” que para além do susto de os vermos circular por cima da rede da nossa cama, roeram umas laranjas que encontraram e… levaram a dentadura de uma de nós!!!
Para além dos serviços que podemos fazer às pessoas, o que mais me e nos alimenta, é poder partilhar a sua vida e participar dos pequenos milagres do que faz o amor.
Que dizer da família do Pastor Jose Carlos, um jovem que de repente perdeu a sua mãe, espancada brutalmente até à morte por uma vizinha? Pastor Jose ou Zezinho como chamamos, tem mais quatro irmãozinhos. Tornou-se no chefe de família do dia para a noite.
Veio uma tia para ajudar a tomar conta das crianças, mas muitas vezes tem que regressar à terra. A pobreza em casa é tanta que o Pr Zezinho divide o seu tempo entre escola e venda de diesel, muitos dias com o seu irmão pequeno nas costas, pois dele depende que todos possam ter algo para comer. Mas, quando vai à terra, é frequente vir trazer-nos em casa uns caranguejos que ele próprio apanhou… E a lista dele é longa…
Bendigo a Deus, pelos sinais de vida que brotam Bendigo a Deus, que me proporciona esta experiência de missão inserida no coração deste povo pobre do Bairro do Chirangano. Aqui, com as minhas irmãs, todos os dias nos sentimos convidadas a “baixar ao encontro de Deus”, como diz Benjamin Gonzalez Buelta, a encontrá-LO no meio do lixo e do matope do mangal. Deus estou esfarrapado, sem chinelo nos pés; no profundo olhar de tristeza de alguns rostos, mas também no grito alegre das crianças a brincar nos charcos de água suja.
no dia-a-dia no meio desta realidade, que alimentam a chama da nossa fé e reavivam o sonho de um mundo mais humano e mais justo!
Através da minha pobre partilha, dá para ver a grande a alegria que brota do meu coração no dia-a-dia, nesta missão tão especial que me toca viver neste quente cantinho de Moçambique.Bem esse tem sido um pouquinho da nossa luta diaria, vem somar com agente, quer largar tudo, seu carro novo, sua casa da cidade, suas ida a bons restaurantes, e quer comer um peixe seco, salgado, aqui temos isso, so vai faltar as delicias da cidade grande mais acredite amor aqui nunca vai faltar. colobore seu pouco pode ser o nosso muito. Pastor Zezinho. Mozambique africa.
Cheguei a Moçambique há 3 anos, com o coração aberto, muita espectativa e um “pouco de medo” pela nova missão. Pois embora já cá tivesse estado há 20 anos atrás, tinha consciência que muita coisa havia mudado, inclusive eu própria.
Encontrei grandes mudanças no país. Nota-se um acelerado crescimento económico. Ao contrário do que acontecia no tempo da guerra, agora encontra-se de quase tudo à venda, só que as pessoas têm pouco poder de compra, o que contribui para o aumento da violência e da insegurança na cidade.
Encontro-me a viver em Quelimane, uma pequena cidade da província da Zambézia, com um clima temperado e muito húmido.
Temos a sorte de viver num bairro da periferia da cidade. Estamos rodeadas de povo, fazendo parte do mesmo povo. Um povo pobre, muito pobre, mas com um grande coração e com uma impressionante capacidade para enfrentar as dificuldades e uma fé profunda, pelo que não se deixa abater. O acolhimento e alegria, é característica da nossa gente. Tal como grande capacidade inventiva pela sobrevivência!
A nossa comunidade é formada por 3 irmãs e um grupo de jovens pré-postulantes. Há que aprender a viver a vida acompanhando processos, sabendo que cada jovem é um mundo, com os seus dons e limitações, como todos nós. Mas é um desafio que estou aprendendo a viver 24x24 horas!
No meio do bairro, temos um pequeno Centro: Centro de Solidariedade do Chirangano. Quando cheguei há 3 anos apenas funcionava em “lume brando”, pois estavam a terminar de realizar obras de reconstrução de uma parte do espaço.
Ao início, confesso que fiquei um pouco dececionada quando vi tudo “morto”, mas em vez de cruzar os braços, as três irmãs que formávamos a comunidade decidimos arregaçar as mangas e pôr mãos à obra. Depois de uma análise da realidade para escutar a população, decidimos apostar em novos projetos e foi assim que, com o apoio da nossa Província de Santa Catarina e de algumas ONG’s, arrancamos com um novo dinamismo. Para além de mantermos o projeto de alfabetização de adultos e o atelier de costura, projetos que já funcionavam, abriu-se uma pequena Biblioteca Escolar, criaram-se salas de estudo com explicações para o ensino secundário e pré-universitário e uma sala com cursos de informática.
Hoje, vale a pena entrar no centro, passam por lá centenas de jovens. É impressionante ver como se interessam por aumentar e melhorar os seus conhecimentos! Para além dos jovens, este ano conseguimos dar um novo impulso à alfabetização de adultos e ao curso de costura, frequentado na sua maioria por mulheres. Mulheres que se encontram em situação de fragilidade e pobreza.
Estamos também a desenvolver um pequeno projeto de apoio social junto de algumas das famílias mais carenciadas dos bairros circunvizinhos. Batem-nos à porta pessoas em situações de extrema pobreza, para as quais não é possível ficar indiferentes.
Graças ao apoio que recebemos da nossa Província e de outras pessoas amigas, temos a possibilidade de apoiar algumas destas famílias, não só as que foram afetadas pelas cheias como outras cujas casas tão precárias que nem dá para animais viverem. As famílias são, na sua maioria, formadas por mulheres sozinhas com filhos, sem companheiro e na grande maioria portadoras de HIV/SIDA.
Mulheres que não têm forças para pegar na enxada, para trabalhar a terra. Mulheres que, muitas vezes, ao fim do dia não sabem que colocar na panela para o jantar dos seus filhos. Mulheres que “oficialmente” não existem pois nem registadas foram. Mulheres que nunca foram à escola ou a deixaram sem sequer ter concluído o primeiro ciclo. Mulheres que nasceram pobres e continuam a reproduzirem o ciclo da pobreza.
É incrível ver como estas mulheres, ao serem chamadas pelo seu nome, ao serem tratadas com dignidade, vão sofrendo uma positiva transformação. Muitas começaram a vir para a alfabetização e vão passando a palavra, trazendo outras amigas. Pois correu a mensagem de que podem ter uma vida diferente. Mas a grande conquista está ligada à identidade pessoal. Começamos agora a campanha do BI (Bilhete de Identidade), pois temos como meta conseguir que todos os alunos que frequentam a Alfabetização consigam este ano ter o seu BI, o primeiro passo para a sua consciência de cidadania.
Os fins-de-semana são dedicados à pastoral. Estamos a apoiar, sobretudo, na área da formação e da partilha da Palavra as comunidades cristãs que acompanhamos. Responsabilizamo-nos pela formação dos catequistas, na nossa paróquia de Coalane.
Este ano alargámos a nossa missão, em conjunto com a Comunidade dos Bons Sinais, à Missão de Namacurra, situada a 60 km de Quelimane. Aqui, inseridas na Pastoral mais vasta que levam os Pastores ajudarores, colaboramos essencialmente na formação dos cristãos: mulheres, jovens e formação bíblica . Por ser longe, só nos é possível fazer estas formações mensalmente. A última delas foi particularmente engraçada: Durante a noite fomos visitadas pelos nossos “irmãos ratinhos” que para além do susto de os vermos circular por cima da rede da nossa cama, roeram umas laranjas que encontraram e… levaram a dentadura de uma de nós!!!
Para além dos serviços que podemos fazer às pessoas, o que mais me e nos alimenta, é poder partilhar a sua vida e participar dos pequenos milagres do que faz o amor.
Que dizer da família do Pastor Jose Carlos, um jovem que de repente perdeu a sua mãe, espancada brutalmente até à morte por uma vizinha? Pastor Jose ou Zezinho como chamamos, tem mais quatro irmãozinhos. Tornou-se no chefe de família do dia para a noite.
Veio uma tia para ajudar a tomar conta das crianças, mas muitas vezes tem que regressar à terra. A pobreza em casa é tanta que o Pr Zezinho divide o seu tempo entre escola e venda de diesel, muitos dias com o seu irmão pequeno nas costas, pois dele depende que todos possam ter algo para comer. Mas, quando vai à terra, é frequente vir trazer-nos em casa uns caranguejos que ele próprio apanhou… E a lista dele é longa…
Bendigo a Deus, pelos sinais de vida que brotam Bendigo a Deus, que me proporciona esta experiência de missão inserida no coração deste povo pobre do Bairro do Chirangano. Aqui, com as minhas irmãs, todos os dias nos sentimos convidadas a “baixar ao encontro de Deus”, como diz Benjamin Gonzalez Buelta, a encontrá-LO no meio do lixo e do matope do mangal. Deus estou esfarrapado, sem chinelo nos pés; no profundo olhar de tristeza de alguns rostos, mas também no grito alegre das crianças a brincar nos charcos de água suja.
no dia-a-dia no meio desta realidade, que alimentam a chama da nossa fé e reavivam o sonho de um mundo mais humano e mais justo!
Através da minha pobre partilha, dá para ver a grande a alegria que brota do meu coração no dia-a-dia, nesta missão tão especial que me toca viver neste quente cantinho de Moçambique.Bem esse tem sido um pouquinho da nossa luta diaria, vem somar com agente, quer largar tudo, seu carro novo, sua casa da cidade, suas ida a bons restaurantes, e quer comer um peixe seco, salgado, aqui temos isso, so vai faltar as delicias da cidade grande mais acredite amor aqui nunca vai faltar. colobore seu pouco pode ser o nosso muito. Pastor Zezinho. Mozambique africa.