terça-feira, 27 de novembro de 2012

SERIE ESTUDO "O JEJUM QUE AGRADA A DEUS".


Jesus, em seu mais conhecido sermão, destacou três aspectos básicos da nossa espiritualidade: as esmolas, as orações e o jejum (Mateus 6:1-18). As esmolas revelam uma espiritualidade voltada para a solidariedade com o próximo; as orações, uma espiritualidade voltada para a intimidade com Deus; finalmente, o jejum, uma espiritualidade voltada para o autoconhecimento e a autodisciplina. Todas marcadas pela sinceridade de um coração devoto e pela discrição do adorador, cujo interesse é agradar exclusivamente a Deus.
Isaías foi o profeta que mais desenvolveu o tema do jejum (58:1-12). Falando em nome do Senhor, denunciou um jejum baseado unicamente em privação e sofrimento, como se Deus tivesse prazer em torturar o ser humano que criou. Também condenou os que jejuavam em desconexão com a oração e a solidariedade, eximindo-se da responsabilidade de transformar o mundo pela ética e o poder do reino de Deus. O Jejum que Deus escolheu é aquele que se priva do alimento para colocar o mesmo alimento na mesa do próximo, sobretudo quando é necessitado e oprimido.
Destes textos decorrem três importantes afirmações sobre o jejum:
1. O Jejum não pode ter um motivo pessoal, um interesse, um objetivo particular a conquistar. Não é uma espécie de greve de fome, que vise sensibilizar o Poder, para que atenda às reivindicações do que se priva de comer. Não é um reforço para a oração, como se ela se tornasse mais forte com a presença do jejum. É uma vitória sobre nós mesmos. Uma declaração de que não temos interesses ou necessidades que superem nossa carência de Deus e Sua palavra. “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mateus 4:4).
2. O Jejum não pode basear-se unicamente em ausência ou privação. Não pode ser simplesmente um deixar isso ou aquilo. Deve ser oportunidade de serviço e dedicação, solidariedade e fé. Se o jejum interesseiro é greve de fome, o jejum como deixar de comer é regime e contribui somente para a perda de peso. O jejum que agrada a Deus é aquele em que, ao invés de comer, o adorador dedica-se à oração ou ao exercício da misericórdia. Trata-se de uma substituição. Com o jejum declaramos ao nosso próprio corpo que as necessidades do reino e da fé são maiores que as necessidades físicas.
3. O Jejum não poder ser público, conhecido, divulgado. Não é oportunidade de autopromoção e não deve ser propagandeado. Não é indicado em tempos de festa e alegria, para não vitimizar o adorador diante dos seus pares, mas deve ser preferido em tempos de introspecção e redirecionamento, como um auxílio na descoberta de propósito e no preparo para as provas que virão. O jejum que se divulga, ainda que alegando intenções como motivação ou exemplo, deixa de ser jejum e passa a ser exibição. Deixa de ser espiritual e passa a ser carnal. Não é o jejum que Deus quer.
Perguntaram a Jesus por que seus discípulos não jejuavam. Ele respondeu que era por causa de sua presença com eles. Quando estivesse ausente, jejuariam (Marcos 2:18-20). E é por isso que jejuamos: nossa sede da presença de Jesus.