IGREJA OU CRENTES?
Gostaríamos de introduzir este tema através de uma breve ilustração; esta é muito simples e encerra algumas verdades para cada um de nós. Vejamos o seu conteúdo:
Certo dia, alguém perdeu uma moeda; este tem a ideia de que foi ali que a perdeu! Mas, só que não sabe exactamente onde! No entanto, estava a procurá-la sob a luz do candeeiro público, do outro lado da rua.
Entretanto chega um amigo e, ao vê-lo assim, pergunta:
- O que é que perdeste que merece assim tanto cuidado?
O amigo, ao dar-lhe atenção, respondeu:
- Perdi uma moeda rara, de colecção!
O amigo, admirado, voltou a perguntar:
- Mas olha lá, já estás aí há muito tempo e não a encontras! Tens a certeza que foi realmente aqui, junto ao candeeiro, que a perdeste?
A resposta do outro não se fez esperar:
- Não, não foi propriamente aqui… mas ali, apontando para o outro lado da rua!
O outro, bastante admirado, perguntou:
- Então! Se não a perdeste junto ao candeeiro, porque é que a procuras aqui?
A resposta foi pronta e objectiva:
- Sabes porquê? Porque aqui há luz!
Não será exactamente o mesmo que se passará com a cristandade em geral? Todos estamos ansiosos para encontrar uma resposta cabal a todas as nossas ansiedades causadas pela nossa existência. De igual modo, desejamos encontrar a Verdade Bíblica! Tentamos, desesperadamente, achá-la e, nesta incansável procura, pensamos que esta estará, possivelmente, na confissão religiosa maioritária, no nosso País!
Esta confissão religiosa, aparentemente, tudo tem para possuir a Verdade, humanamente falando! Procuramos uma espécie de Verdade! Uma que melhor se adapte aos nossos interesses! A que queremos ouvir, e não a que se encontra, independentemente da nossa vontade e interesses de índole vária, unicamente nas Escrituras!
Contradição ou Aparência?
Ilustraremos tudo isto, por comparação, com certas palavras de Jesus, para que sintamos quanta verdade esta ilustração, acima descrita, encerra. Recordemos as palavras contidas no evangelho de S. Mateus e vejamos se têm qualquer paralelo com o que acabámos de dizer: “Todo aquele que se declarar por Mim diante dos homens, também Me declararei por ele diante do Meu Pai que está nos céus. Não penseis que vim trazer a paz, mas a espada à terra; não vim trazer a paz mas a espada. Porque vim separar o filho do pai, a filha da sua mãe e a nora da sogra; de tal modo que os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem amar o pai ou mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim. Quem amar o filho ou filha mais do que a Mim, não é digno de Mim. Quem não tomar a sua cruz para Me seguir, não é digno de Mim.” – S. Mateus 10:32-38; cf. S. Lucas 12:51-53
Agora, um outro texto: “(…). Então avançaram, deitaram as mãos a Jesus e prenderam-no. Um dos doze que estavam com Jesus levou a mão à espada, desembainhou-a, feriu um servo do sumo sacerdote, cortando-lhe uma orelha. Jesus disse-lhe: «Mete a tua espada na bainha, pois todos quantos se servirem da espada, à espada morrerão (…)»” – S. Mateus 26:50-52. (sublinhado nosso)
Esperamos não ser igualmente acusados de “literalistas psicologizantes fundamentalistas” por assim procedermos! Que quererão os textos significar? Será que Cristo apela à violência? Será esta a lição? Vejamos: “(…) não procuremos nele um teórico da não violência. Foi dia após dia, numa sucessão de decisões e por uma série de actos redentores, que Jesus triunfou da violência”; ou ainda “Não é que negue a defesa armada justa, mas porque ali, naquele preciso contexto, era imprudente ante a desproporção de forças e, principalmente, perante a inutilidade, pois tinha chegado «a sua hora»”.
Se olharmos os textos sob este ponto de vista, com uma ligeira conotação de violência, não será que estamos, francamente, a passar ao lado do real sentido dos textos, da sua coesão e coerência internas? Será normal Jesus, tal como acima foi explicado, ter estes sentimentos tão humanos que nós tão bem compreendemos? claro, que sim!
Como humanos que somos também temos os mesmos sentimentos! De igual modo, interpretaríamos assim os textos, tal como os acabámos de transcrever, nem mais nem menos! Mas esta é, repetimos, uma reacção tipicamente humana! Mas, insistimos, não devemos negligenciar a dinâmica do texto! Será que o seu pensamento era de cariz nacionalista, tendo em conta um hipotético bem-estar dos Seus seguidores contemporâneos ou futuros ou, antes pelo contrário, apresenta uma visão mais dilatada, ou seja a aceitação ou não do Seu ensino pelos homens? Ora vejamos: Quanto ao primeiro texto: “Jesus não deseja, de modo algum, criar barreiras e divisões familiares; mas constata que o efeito da Sua vinda ao mundo e a pregação da Sua palavra é a divisão! Ele exige que se tome posição: por ou contra.” Ou ainda: “Jesus talhou na dura rocha das realidades humanas um caminho novo, pelo qual ele passou por primeiro carregando sobre os seus ombros todas as exigências do reino de Deus: justiça social, transformação de instituições, tomada de posição pela verdade, regeneração individual. Eis os materiais que encontrou em volta dele entre os homens. Eis as pedras, a madeira e a areia com os quais construiu o Reino de Deus, sobre a terra (…)”.
Pensamos que os textos bíblicos apresentados não são contraditórios; pela simples razão que não têm como primeira preocupação a violência ou a não-violência! Mas comportam as consequências do ensino de Jesus que, por ele só, causa divisões a todos os níveis! E não será assim? Como compreender o tremendo ódio dos judeus acerca de Jesus? Faltou Jesus, porventura, alguma vez ao respeito a qualquer dirigente religioso da Sua época? Acaso foi menos cortês nalguma forma de tratamento? Se não foi, então porque se movimentaram sempre com o único propósito de O silenciar? Concorrência?
Como meros humanos, somos levados a pensar que sim! Mas, o que é que as Escrituras nos revelam? Leiamos, uma outra aparente contradição em Jesus: 1- “O mundo não pode odiar-vos, mas odeia-Me a Mim, porque faço ver que as suas obras são más” – S. João 7:7 (sublinhado nosso) ; 2- “Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, Me aborreceu a Mim” – S. João 15:18
Que nos diz o prezado leitor? Parecem contraditórios os textos, não é verdade? Mas não são, se os entendermos bem! Quanto ao primeiro texto o Senhor revela-nos duas verdades essenciais: 1-“ O mundo não pode odiar-vos (…)”! Claro! porque ainda não O conheciam, ainda não se identificavam com ele; ainda agiam e pensavam como os demais concidadãos; 2- “(…) porque faço ver que as suas obras são más” – eis a razão, a única, do seu titânico ódio por Jesus! Quanto ao segundo texto: a aparente contradição: “Se o mundo vos aborrece (…)”. Agora, parece que dá o dito pelo não dito! Mas o que Jesus está a dizer é muito simples: Neste momento da vossa evangelização, viveis no mundo, é verdade, mas já não sois dele! Já não pensais como ele, sois diferentes, conheceis novas directrizes – a plena vontade de Deus, o Pai – algo que os vossos concidadãos não querem conhecer! Agora, tal como Eu, ireis sentir na vossa vida o mesmo ódio, vós que tendes o meu nome – Cristãos! E, assim como eu faço, vocês também o deverão fazer, isto é, dizer que as suas obras são más!
Não será este o sentido das palavras de Jesus, quando disse: “Dei-lhes a Tua palavra, e o mundo aborrece-os porque não são do mundo, assim como Eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Eles não são do mundo como Eu não sou do mundo” – S. João 17:14-16? Claro!
Portanto, se quisermos seguir realmente a Sua Palavra, tal como está exarada nas Escrituras, certamente que iremos encontrar os problemas que Jesus referiu, porque os seus ensinos são diferentes dos que a sociedade e costumes humanos impõem! A ser assim, então estamos perante um dilema: 1- Ou estas não são palavras de Jesus, e como tal, deverão ser rejeitadas! 2- Ou a confissão religiosa que tradicionalmente seguimos, nada tem que ver com a Palavra de Deus! E porquê?
Em que é que eu tenho problemas por pertencer, por nascimento, a esta confissão religiosa professada pela maioria? De emprego, de amigos, de hábitos perniciosos a diversos níveis sociais e morais? Nada nem ninguém me diz nada! Antes pelo contrário! Se assim é, portanto, que revolução é que Cristo veio fazer; que espada, que dissensões veio trazer? Se nada de especial comigo se passa: Ou Jesus, afinal, nada veio trazer; ou não estou a seguir o que realmente Ele preconizou como modo de vida e condutas cristãs para todo aquele ou aquela confissão religiosa que se disser ser a Sua continuidade!
Se alguém começar a estudar as Escrituras e a interiorizar que deve amar e respeitar a vontade do amado – Cristo –, então quando começar a praticar o que aprendeu para agradar ao novo Senhor da Sua vida, Aquele que lhe deu o nome que usa – cristão –, então verá que o cristianismo, o ser verdadeiramente cristão, nada tem a ver com o que tinha feito, em termos de vivência! E o que é que passará a acontecer? Os amigos que até ali o acompanhavam, começam a não ter prazer na sua companhia! Eventualmente, não fuma, já não bebe bebidas alcoólicas, já não frequenta lugares menos recomendáveis, já não é companhia para sítios e vícios menos próprios! E porquê? Porque quer manter uma boa saúde e ser, em plenitude, cristão!!
Procedendo assim, já reparou, prezado leitor, a quantidade de perigos e derivados que o professo cristão evitaria? Quase que, estamos tentados a dizer que: se não fosse por mais, só por estas razões, já merece a pena ser CRISTÃO, não acha?! Portanto, o que é isto a não ser o reflexo, o genuíno cumprimento das palavras “(…) Não penseis que vim trazer a paz, mas a espada à terra; não vim trazer a paz mas a espada. Porque vim separar (…)”! Está a pregar a violência? Claro que não! Mas unicamente a apontar para o resultado a que chegará todo aquele que Lhe quiser ser fiel!
Em síntese, o cristão, se deseja sê-lo, deverá ser DIFERENTE! Vejamos: 1- “A dignidade da vida cristã, levada até à intransigência e à santidade, chocou profundamente os pagãos. A conversão exige uma mudança de vida e fornece os meios para a concretização dessa exigência”; 2- “Tertuliano pintou ao vivo o embaraço do cristão, solidário da vida da cidade, com as suas celebrações e as suas alegrias, que lhe ferem o senso moral e as convicções religiosas (…). Poderia um cristão frequentar ou aplaudir um espectáculo que ultrajava a moral e fazia corar o próprio pagão? Como recusá-lo sem atrair a atenção dos outros?” ; 3- “«É um bom homem, o Gaius Seius. Que pena que seja cristão!»”. Se assim foi no passado, prezado leitor, deverá ser diferente no presente?
Eis o repto diante de cada um de nós. O que é que iremos escolher?
qual o melhor caminho? amar ou odiar? Julgar e condenar, ou amar o Proximo? voce Ja decidiu, e Igreja ou e Crente, ou voce Conhece o Verdadeiro Mandamento do Senjor Jesus. o amor eterno. Deus contigo Sempre.